Poema: “Traduzir-se” do maranhense Ferreira Gullar
Uma parte de mimé todo mundo;outra parte é ninguém:fundo sem fundo. Uma parte de mimé multidão:outra parte estranhezae solidão. Uma parte de mimpesa, pondera;outra partedelira. Uma parte de mimalmoça e janta;outra partese espanta. Uma parte de mimé permanente;outra partese sabe…
Homenagem ao Dia das Crianças: poema “Meus oito anos” – Casimiro de Abreu
Oh! que saudades que eu tenhoDa aurora da minha vida,Da minha infância queridaQue os anos não trazem mais!Que amor, que sonhos, que flores,Naquelas tardes fagueirasÀ sombra das bananeiras,Debaixo dos laranjais! Como são belos os diasDo despontar da existência!– Respira a…
José – Carlos Drummond de Andrade
José E agora, José?A festa acabou,a luz apagou,o povo sumiu,a noite esfriou,e agora, José?e agora, você?você que é sem nome,que zomba dos outros,você que faz versos,que ama, protesta?e agora, José? Está sem mulher,está sem discurso,está sem carinho,já não pode beber,já…
Poema: Gregório de Matos
GREGÓRIO DE MATOS - Nasceu em 20 Dezembro de 1636. (Salvador, Bahia, Brasil)
CONTO: RELATO DE OCORRÊNCIA EM QUE QUALQUER SEMELHANÇA NÃO É MERA COINCIDÊNCIA – Rubem Fonseca
Na madrugada do dia 3 de maio, uma vaca marrom caminha na ponte do rio Coroado, no quilômetro 53, em direção ao Rio de Janeiro. Um ônibus de passageiros da empresa Única Auto Ônibus, chapa RF 80-07-83 e JR 81-12-27,…
POESIA: As Sem-Razões do Amor – Carlos Drummond de Andrade
Eu te amo porque te amo.Não precisas ser amante,e nem sempre sabes sê-lo.Eu te amo porque te amo.Amor é estado de graçae com amor não se paga. Amor é dado de graça,é semeado no vento,na cachoeira, no eclipse.Amor foge a…
CONTO – PORQUE LULU BERGANTIM NÃO ATRAVESSOU O RUBICON – José Cândido de Carvalho
Lulu Bergantim veio de longe, fez dois discursos, explicou por que não atravessou o Rubicon, coisa que ninguém entendeu, expediu dois socos na Tomada da Bastilha, o que também ninguém entendeu, entrou na política e foi eleito na ponta dos…
LITERATURA MARANHENSE – Humberto de Campos
“Joaquim Gomes de Souza, o genial brasileiro, que aos trinta anos, resumia todo o saber de seu tempo, era profundíssimo em tudo, principalmente em matemática. Na Câmara, discutia todas as matérias. Certo dia, ao apartear um deputado que discursava sobre…